16.11.07

me chamo rafael, tenho 23 anos e você certamente não me conhece. mas já fomos amigos, sabia?

assim como você, passei os primeiros anos da minha vida na tijuca, lá na conde de bonfim. tempos que guardo com imenso carinho num baú de memórias, com passeios semanais pela quinta da boa vista, torneios de futebol de botão, bola de gude, e pião.

e foi lá que nos conhecemos.

pra ser sincero, não sei quase nada sobre nós. não sei qual era o grau da nossa amizade, e nem por quanto tempo durou. mas parece que fomos bons amigos. lá no fundo do meu baú, atrás de recordações de paquetá e do cheiro da malasartes, tenho uma vaga lembrança de cor amarela de nossas idas às praças da tijuca.

lembro de você graças a um tio chamado inácio. “cadê o dudu diuana?” é uma pergunta que surge a cada natal, reveillon e reunião familiar. e sabe o que me apavora e, de certa forma, entristece? talvez você não tenha tido um tio inácio pra falar sobre mim, então essa carta poderá lhe causar enorme estranheza.

em tempos passados, quando tio inácio relembrava, eu me fazia tantas perguntas, como “será que ele tá vivo?”, “o que será que ele faz?”, “será que virou bandido?”.

mas, dudu, preciso lhe fazer uma confissão: graças a internet, eu descobri tudo. você tá vivo sim, não virou bandido, e ainda estudou na elza campos, assim como eu. será que estudamos juntos e o tio nunca me contou? isso elevaria nossa amizade a um patamar ainda maior, né? pra mim, eramos apenas amigos de praça.

precisamos marcar um chopp pra botarmos o papo em dia. tenho tanta coisa pra te contar, você não faz idéia. me mudei da tijuca, aprendi a ler, botei aparelho nos dentes, ganhei um irmão e, porra, muito mais. tem tanta novidade que uma só noite não será o bastante.

que tal marcarmos vinte anos de chopp?

jaques lamure
ou rafael


14.11.06